
Em maio de 2025, cada consumidor negativado devia, em média, R$ 4.743,23 na soma de todas as suas dívidas;
O Indicador mensal da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) revela que a inadimplência de pessoas físicas continua em patamares alarmantes no país. Em maio de 2025, o Brasil registrou um total estimado de 70,73 milhões de consumidores negativados, o que representa impressionantes 42,59% da população adulta. Este dado aponta para uma persistência e agravamento do cenário, consolidando um dos maiores desafios econômicos e sociais do momento.
Os números de maio de 2025 mostram um crescimento de 6,28% no número de inadimplentes em comparação com maio de 2024. A variação anual observada neste mês superou a do mês anterior, indicando uma aceleração na inclusão de novos devedores. Na análise mensal, de abril para maio de 2025, o número de devedores cresceu 0,78%. Para contextualizar, em abril de 2025, o número de devedores havia crescido 4,59% na comparação anual e 1,09% na mensal, o que demonstra que, embora o crescimento mensal tenha desacelerado ligeiramente de abril para maio (de 1,09% para 0,78%), a base anual de inadimplentes continua se expandindo de forma significativa.
O presidente da CNDL, José César da Costa, comenta o cenário:
“É com grande preocupação que observamos a inadimplência atingir um novo recorde em maio. Esse cenário reitera a crescente dificuldade que o brasileiro tem enfrentado para equilibrar suas finanças. Apesar de pequenas oscilações positivas em alguns indicadores econômicos, como a taxa de desemprego, esses avanços não têm sido suficientes para conter o endividamento das famílias. A combinação de fatores como a alta nos preços de bens e serviços essenciais, o custo elevado do crédito e a persistência de um cenário econômico desafiador continua a empurrar milhões de brasileiros para a lista de negativados”.
Perfil dos devedores: jovens adultos e dívidas de longo prazo em destaque
A análise aprofundada dos dados de maio de 2025 revela características importantes sobre o perfil do inadimplente brasileiro. O crescimento do indicador anual de devedores está fortemente concentrado no aumento de inclusões de consumidores com tempo de inadimplência entre 3 e 4 anos, registrando uma variação expressiva de 46,17%. O tempo médio de atraso das dívidas é de 27,9 meses (aproximadamente 2,3 anos).
Em relação à faixa etária, a maior participação de devedores no Brasil em maio foi do grupo de 30 a 39 anos, representando 23,67% do total de inadimplentes. Essa faixa etária concentra cerca de 17,46 milhões de pessoas negativadas, o que significa que mais da metade (51,44%) dos brasileiros nesse grupo etário estão com o nome em cadastros de devedores. A distribuição por sexo se mantém equilibrada, com 51,13% de mulheres e 48,87% de homens entre os devedores, com uma idade média de 44,8 anos. Os dados de abril já indicavam essa tendência, com 23,73% dos devedores na faixa de 30 a 39 anos e 51,21% desse grupo etário negativado, reforçando a consistência do perfil ao longo dos meses.
Dívidas médias e setores credores
Em maio de 2025, cada consumidor negativado devia, em média, R$ 4.743,23 na soma de todas as suas dívidas, um ligeiro aumento em relação aos R$ 4.689,54 registrados em abril. Além disso, cada inadimplente possuía, em média, dívidas com 2,20 empresas credoras (em abril, eram 2,18).
A distribuição das dívidas por valor mostra que quase um terço dos consumidores (30,24%) tinha dívidas de até R$ 500. Esse percentual salta para 43,60% quando consideradas dívidas de até R$ 1.000, um comportamento muito similar ao de abril (30,15% e 43,65% respectivamente), evidenciando que grande parte da inadimplência se concentra em valores menores, mas que impactam significativamente o orçamento familiar.
Aumento no número de dívidas em atraso impulsionado por bancos
O número de dívidas em atraso no Brasil também registrou um crescimento expressivo em maio de 2025, com um aumento de 11,15% em relação ao mesmo período de 2024. Na comparação mensal (abril para maio), o número de dívidas em atraso subiu 1,59%. É notável que a variação anual de dívidas em atraso em maio (11,15%) foi significativamente maior do que a observada em abril (8,75%), indicando uma piora substancial na capacidade de pagamento.
Ao analisar a evolução por setor credor, o segmento de Bancos destacou-se com o maior crescimento no número de dívidas em atraso, registrando um aumento de 14,37% na comparação anual de maio. Em abril, esse crescimento já era considerável, de 12,41%. Os setores de Comunicação (3,63%) e Água e Luz (0,99%) também apresentaram crescimento em maio. Em contrapartida, as dívidas com o setor de Comércio tiveram uma leve queda de -0,61% no total de dívidas em atraso.
Em termos de participação no total de dívidas, o setor bancário continua a concentrar a maior fatia, com 66,77% do total, demonstrando a forte influência das operações de crédito financeiro na inadimplência. Água e Luz aparece na sequência com 9,89%, seguido pelo Comércio com 9,55% e Outros com 8,19%.
Inadimplência por região: Centro-Oeste lidera o crescimento
A análise regional da inadimplência de pessoas físicas revela disparidades importantes. Em maio de 2025, o Centro-Oeste apresentou a alta mais expressiva no número de inadimplentes na comparação anual, com crescimento de 8,19%. Em termos de percentual da população adulta, a região também lidera, com 46,12% de seus habitantes incluídos em cadastros de devedores. As demais regiões seguiram com aumentos anuais significativos: Sul (6,64%), Norte (5,14%), Sudeste (4,74%) e Nordeste (3,74%).
Quando se observa o número de dívidas em atraso por região, a maior alta anual em maio também veio do Centro-Oeste (14,47%), seguido por Sul (11,91%), Norte (11,24%), Sudeste (10,18%) e Nordeste (7,98%). A região Sul, por sua vez, mantém a menor proporção de negativados, com 38,00% de sua população adulta nesta condição.
“Esses dados reiteram a necessidade de um monitoramento contínuo e de políticas direcionadas para mitigar os impactos da inadimplência na economia brasileira. . É um ciclo que precisa ser rompido com medidas estruturais e um olhar atento às necessidades da população”, alerta o presidente do SPC Brasil, Roque Pellizzaro Júnior.